'Ter um rótulo traz tanto benefícios quanto aspectos negativos'
"Fui diagnosticada há pouco mais de um ano, mas foi ainda no ensino médio que pela primeira vez achei que pudesse ser autista.
Meu irmão foi diagnosticado com autismo quando tinha cinco anos e ia a uma escola especializada. Eu via um pouco do comportamento dele em mim, o que me fazia pensar.
Acho que, em alguns casos, as mulheres aprendem a copiar comportamentos para conseguir viver, e é provavelmente por isso que elas não são diagnosticadas tão cedo.
Me formei em licenciatura na Universidade de Derby. Atualmente faço mestrado em inclusão e necessidades especiais e deficiência em educação.
Durante o meu estágio, meu mentor identificou alguns aspectos de autismo no meu comportamento – eu às vezes entendia as coisas muito literalmente ou sentava sozinha na sala de funcionários, sem socializar com ninguém.
Na universidade, meus professores disseram ter percebido coisas similares, então fui atrás de um diagnóstico. Senti que ele explicou muito (sobre mim), o que foi bom.
No entanto, sinto que ter um rótulo traz tanto benefícios quanto aspectos negativos.
Meu autismo afeta principalmente minha sociabilidade e expressão, e eu também tenho altos níveis de ansiedade, sobretudo quando há mudanças na minha rotina.
Tenho tendência a ficar obsessiva quanto a coisas como programas de TV. Chego a assistir por horas e decoro o roteiro. Também tenho que planejar o que vou dizer e não gosto de ser interrompida.
Vou e volto de táxi à universidade, porque o transporte público me deixa ansiosa.
Hoje, tenho uma mentoria especializada para me ajudar com dificuldades e para treinar minhas habilidades sociais.
Me senti bem quando contei aos meus colegas de mestrado que sou autista. São apenas cinco pessoas, então me senti à vontade para explicar. Não teria contado a uma classe grande, como os cerca de 80 que eram da minha sala na graduação."
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-43549847
Essa matéria foi escrita por BBC, que conversou com sete britânicas que só descobriram ser parte do espectro autista quando já estavam na vida adulta. www.bbc.com
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